29 de outubro de 2014

Quem fala o que quer, ouve o que não quer

Muitos de vocês já devem ter ouvido (ou propagado) essa expressão em algum momento da vida. Mas, nunca, como hoje, essa frase foi tão verdadeira. Tão verdadeira que ficou falsa.

Passamos por um período em que as bobagens (as mais óbvias, de senso comum) eram mais que rapidamente criticadas, para chegar num momento onde ninguém mais fala bobagem, porque todo mundo virou o dono da verdade - mesmo que seja só a sua verdade. Mais ou menos como: estou no meu direito, o que você pensa, é problema seu. Outro velho conhecido...o "to cagando e andando" pra qualquer um que pense diferente de mim.

Agora entendo um pouco o meu post sobre a sensação de que paralisaria a qualquer momento, pois após uma ligeira melhora, voltei pro ponto de partida.

Fica cada vez mais difícil tomar um partido, uma escolha, formar uma opinião, quando ambos os lados só gritam histérica e repetidamente as mesmas coisas. Argumentos vazios de quem, sequer leu (ou interpretou) o que o outro tentou dizer. A ordem do momento é atacar. Quanto mais rápido, melhor.

Parece que sim, mas não estou me referindo somente à política que, agora, milagrosamente, todo mundo virou expert, igual todo mundo vira técnico de futebol durante a Copa do mundo.

Basta pegar qualquer postagem que tenha um número razoável de comentários (tipo 500, mas, às vezes, nem precisa tanto). Qualquer um. Alguém vai xingar o outro de burro, vai mandar à merda ou vai desejar a morte do outro. Sempre, SEMPRE! Não te assusta?

Um exemplo: comentei numa propaganda da Avon que eles não precisariam editar tanto a imagem a ponto de sumirem as dobrinhas do dedo e a ponto de ficar nítido que a boca foi pintada digitalmente. Em momento algum critiquei a qualidade do produto ou a beleza da cor. Quem me conhece, sabe que é um hábito que veio da profissão.

Já dá pra imaginar o que houve, né. Vira e mexe alguém me responde. A maioria só responde pra dizer que achou as cores lindas ou que ama a marca. Alguns entram pra me chamar de "amargurada, que só vê o lado negativo das coisas" e outros pra me dizerem que o foco são as cores, não a imagem.

Bem, tirando a última, que eu discordo (afinal, vivo disso) e excluindo o segundo tipo que é tipicamente do que eu falo no começo do post, a maioria sequer se deu ao trabalho de interpretar o que eu disse.

Até tentei ler os 1800 comentários da foto para saber se mais alguém tinha recebido mais respostas e por quê tanta gente se importava com um comentário inocente. Eu bati o recorde (foram só 11. hahaha.. mas ninguém tinha mais que 2, 3 respostas e, geralmente, de amigos) de respostas e de curtidas.

O mais louco é o que isso faz com a nossa mente (se não faz com a sua, parabéns, depois me ensina). As respostas me deixam com um misto de indignação, tristeza, raiva...até ofende, até pensei em deletar o comentário. Mas, são só pessoas fazendo o que todo mundo faz: tendo voz, seja ela sensata ou não; faça ela diferença ou não.

Eu mesma, quis comentar e o fiz, não foi? Indiferente do grau de importância que aquilo teria naquele post.

Este não-último (afinal eu sempre tenho algo pra dizer. rs), mas longo post foi também para explicar um pouco da minha futura ausência. Talvez não das redes sociais, mas das curtidas e comentários. Não acho que seja a resposta, mas é um mal necessário pro meu bem mental.

Beijos,
Betty.